sexta-feira, 26 de outubro de 2007

A Tropa da Elite....

Fui ver Tropa de Elite, primoroso, seria minha 1a colocação pelas atuações de todos os atores envolvidos na trama e pela Direção que foi um primor. Fui ver Tropa de Elite meio receoso das famosas cenas de violência, que eu ouvia a respeito e que alguns diziam ser fortes... pensei: quem não foi assaltado não sabe o que é forte de verdade... Bom, é forte sim, mas o que mais me excitou, se é que isso pode ser ser possível, é que fala de um assunto mais importante que é: O quanto nós sociedade de opinião, poder de consumo e formação intelectual contribuímos para o crime organizado? Acho eu que muito... pois somos craques em (só) reclamar dos outros.

Isso me deixou muito ativo, ao fim do filme, não sei se é pelo fato de eu não ter tido certas condições de formação pessoal, como pais não separados, estabilidade econômica na minha juventude, uma história pessoal forte, enfim, acho que eu tive um caminho difícil, mas que sempre teve minha família perto e ai entram meus queridos primos e tios que sempre estiveram por perto, mais meus primos, que são além da minha ex mulher, a formação básica do meu caráter de hoje em dia. Obrigado!

Ao ver que o filme mostrava uma classe média, no caso alunos da PUC Rio, que usam drogas, nada contra os usuários delas - eu não fumo maconha e no meu meio isso é ser careta, "pero" sou feliz - mas elas realmente financiam o tráfico, gostem ou não de pensar nisso, e o tráfico não é só o bandido que está em cima do morro e sim o "alguém" que financia tudo isso, a guerra em si, as armas, as drogas, as "operações", o "sistema" que aparece tanto no filme. Aliás o "sistema"que o capitão Nascimento, misto de Jack Bauer com Rambo, fala tanto e que é a base da história, mostra uma polícia que não se policia, uma polícia que não se respeita, que não se lembra que eles são simples cidadãos com responsabilidades, e não é preciso (ou é?) um filme para nos mostrar isso. Porque no próprio filme aparecem os abastados estudantes da PUC discutindo sobre a polícia, que no fundo eles tem parcial razão já que a PM é hiper mal treinada e direcionada, mas não lembram os mesmos estudantes moradores da Zona Sul, como cita uma jovem do filme (que no fim ela mesmo é vítima), de algo que é simplesmente óbvio: se você consome algo ilícito, você financia algo ilícito (muito mais que drogas). É um assunto delicado, porque envolve muito mais que drogas, sendo que estas são o canal direto para a guerra urbana que vive o Rio de Janeiro, com miséria, desigualdade, roubos, fatalidades e crimes.

Ao sair do cinema, falei com minha amiga Sam e disse a ela que iria entrar para o BOPE, tamanho a minha excitação, risos, mas sei que isso não resolve e nem sei se o próprio BOPE é o mesmo BOPE de 1997, onde os realmente policiais, podem trabalhar sem que o sistema os corrompa ou os coloque em risco, já que os "sistema"pode tudo.

O que eu proponho com meu post é: vamos mudar? Mudar mesmo, cobrar mais da polícia e dos políticos, cobrar a fundo, pq se temos esperança não podemos ficar em casa vendo novelas ou nos bares bebendo e filosofando, enquanto os únicos 200 ou 250 homens (eram 100 em 1997) do BOPE estão subindo morro e matando os que não merecem muita piedade, sendo que esses são como baratas, intermináveis, pq as mazelas que eles sofrem e que os transformam nos monstros que nos assustam, não acabam nunca, porque os ricos não estão nem ai para essa base da pirâmide, que eles pouco vêem e que no fundo não passam de detalhes para o seu mundo particular.

Os políticos, que deveriam lutar por algo mais justo, se preocupam em votar coisas do tipo: sessão secreta? proibido lacrar sacolas (câmara de vereadores do rio - deu na cbn - 23/10/07), renan vai? renan fica? Ou seja, só nós podemos mudar e acho eu que está na hora.

Tropa de Elite é muito mais que tapas na cara, é o revide na sociedade de que ela não faz nada e só reclama e que se quer mudar tem de reagir.

Obs: Se vocês usuários querem usar usem, mas lutem pela legalização, pq é o único meio de não gerar renda para algo tão brutal e irresponsável, que é o tráfico. Aliás 75% daelite (A e B) financiam o tráfico...uma pena.

2 comentários:

Júlia Borges disse...

Sinto que terei que colocar meu ponto aqui! hahaha Afinal é um assunto para lá de polêmico.
Mas antes, quero começar pelo seu final, quando disse que aqueles que usam drogas que lutem pela legalização das mesmas para não continuar a financiar essa tristeza...Já afirmo: sou contra a legalização de maconha e quaisquer drogas hoje ilícitas. Principalmente por achar que a legalização não diminuiria o tráfico, e pensar na possibilidade de haver mais "perdidos" por aí, afinal é droga e acaba com a vida de muitos.
Agora, indo pro BOPE. Ouvi muitos dizerem, ao sair do cinema (ou depois de assistir o "piratão"), que, assim como você, queriam entrar para o BOPE. Uma coisa que eu não faria questão alguma seria entrar no BOPE...Viver em constante guerra, mais ainda? Se for só pelo prazer de esfregar a realidade num bando de jovens da elite com muita violência estou fora! Façamos sim, mas sem espancar qualquer desgraçado. E é importante lembrar que não são só os alunos riquinhos da PUC que financiam essa porcaria, mas muitos outros riquinhos e pobrezinhos, estudantes ou não!
Um filme bom em todos os sentidos, e mais um alerta que recebemos...Mais uma prova de que muito deve ser feito e mudado!

Tive o desprazer de entrar numa favela nesse fim de semana e perceber (ainda sem precisão) como deve ser tenso o clima para quem está metido nesse esquema. Não larga da arma, correndo risco de morrer a qualquer instante. Já fizeram de algo totalmente comum, até mesmo "tranqüilo" (palavras de um dos moradores da favela). Comum, sim (infelizmente), mas tranqüilo...NUNCA!

Eu, como futura eleitora (falta pouco), fico bem atenta para tomar minhas decisões e procurar uma forma de contribuir para a melhoria desse nosso país. E como já cidadã, me disponho para qualquer ação para possíveis boas mudanças.

Beijos, meu querido primo!

Saudades ;)

Wladimir Duarte disse...

Ju, quero a discussão,por isso comente sempre!
Quanto a ir pro BOPE só se fosse pra banda de musica. risos. Mas que saímos do cinema com a excitaçao no alto, saímos.
Quero muito a igualdade, mais que tudo e quando falo em legalizar, é para que essa sociedade rica, pense no que eles fazem ou contribuem, de bom e de ruim. a discussão é muito ampla e o espaço aqui tb. bjs